7 de junho de 2017

Os últimos dias têm sido uma mistura de sentimentos. É bem difícil te querer por perto ao mesmo tempo que te sinto longe e alimento essa vontade de que "se queres, vá logo". Ainda assim não me enxergo sem ti. Que dependência ao inconstante é essa que criei?

28 de novembro de 2015

Como se dividir sem
         sobrecarregar?
Como se preencher
     sem transbordar?
Como se achar sem
          estar perdida?
Como encontrar
      sem saber o que
      procura?
Ou se está a
      procura?
      Quem procura?
                    Acha?
Nesse loucura?
                   Como?

27 de abril de 2015

Estás tão submerso nessa tristeza que não tens coragem de admitir que és feliz. Porque tristeza vende. Ninguém presta atenção por muito tempo à relatos de felicidade, porque a tristeza mantém uma relação de obrigação entre o ouvinte e a atração. Melhor prestar atenção antes que ocorra alguma tragédia. Mas essa tragédia nunca vai acontecer, porque é uma tristeza cheia de covardia. Afinal, ser triste justifica muitos atos. Justifica a baixa de uma garrafa de whisky a cada três dias, justifica palavras ásperas contra todos, e finalmente justifica a magreza de pedidos de desculpa - afinal, é um coitado, está triste.

11 de março de 2015

é impossível não encarar a ressaca quando se está sozinha. tudo remete ao desejável a ser esquecido. a dor de cabeça se parece longe do tangível e a tristeza não se parece alcoólatra e utópica.

2 de julho de 2014

Soneto da Renúncia

de todos os meus amores
a ti serei fiel
como um dia de dois fomos um
e esse um ainda é pleno
(em minha memória)
serei fiel a tal lembrança
de tal modo que abrirei mão
daquele pouquinho de terra
que um dia chamei de lar
minha terra se esvai em vermelho
como um tremor frio da noite
serei fiel a tal lembrança
de tal modo que abrirei mão
daquele teu pouquinho que era meu
    NÃO SINTO ESSA URGÊNCIA
       QUANDO ME DEPARO COM
       NOSSO AMOR. SE É QUE
     PODERIA CHAMAR DE AMOR
            ESSA LOUCURA 
    QUE ALIMENTAMOS COMO UM
PÁSSARO COM A ASA QUEBRADA.
     QUANDO PASSAR, NINGUÉM 
        MAIS LEMBRARÁ - NEM
               O PÁSSARO.

14 de junho de 2014

minha vontade é de ter aqueles sonos leves que metade de mim é agora e a outra é você. aqueles sonos suados, desesperados, onde parte de mim é desconforto e a outra é você. Aquele sono meio acordado, meio dormindo, onde metade da cama é vazia e outra tem você.

10 de maio de 2014

Acho que nunca me imaginei sendo esse tipo de pessoas que espera que o tempo passe rápido. Não passava em nenhum momento dentro da minha cabeça querer que o dia acabasse mais cedo do que o normal, poderia começar mais tarde também. Mas me deparei com essa vontade imensa e interna de que, por favor, termina logo essa fase. Digo... espero que seja uma fase. Me amedronta a possibilidade de ser um estado constante - and on and on and on. Acho que nunca me imaginei sendo esse tipo de pessoa que não sabe da onde tirar forças. Será que meus medos encontraram meu esconderijo?

4 de fevereiro de 2014

quem, quem és tu que costumava chamar de amor e hoje nem lembro nome? eu vejo, existem alguns traços que me remetem àquela pessoa, mas o que são estes irreconhecíveis gestos que não condizem com o conjunto? falando assim ainda lembro do tempo que existia tempo de sobra, do toque nos dias de chuva, do sorriso e dos segredos ao pé do ouvido. não te vejo mais nos meus dias - e que dias bem vazios tem sido estes. tu não quisestes mais saber sobre minhas novidades e te escondeste para que eu não soubeste das tuas. me diz, quem, cadê, cadê tu? eu sei que ainda moras aí dentro. sai daí, vem brincar do lado de fora, aqui tem luz. cadê, quem és tu? eu vou estar para sempre te esperando.

26 de agosto de 2013

Estou cansada de quem me olha sem me enxergar.

17 de agosto de 2013

quando menos se espera

Nossos edifícios eram um ao lado do outro. Praticamente sabia tudo que acontecia na sua vida -  pelo menos o que se passava na sala. Novos romances, fins de romances, jantas sozinha, pijama de verão, pijama de inverno, choros em frente à televisão. Assim passava meus dias, como se chegar em casa não fosse mais tão solitário por te ver do outro lado do vidro da janela. Tinha penteados que eram meus favoritos, meu sonho era saber como era tua voz. Roupas que não me agradavam muito, pois ficavas tão linda que não gostava de imaginar, apesar de querer muito saber, aonde ias. 
Te vi na festa de sábado. No primeiro momento pensei em abanar, mas eu não era tão presente na tua vida quanto tu na minha. Reacomodei todos meus amigos pra que nossa rodinha de conversa e dança vazia ficasse perto de ti. Não me concentrava em mais nada a minha volta, tudo que conseguia fazer era me deliciar com teu perfume no ar. Quando percebi teus olhos tristes me senti como se fosse meu dever fazer algo. Fui na tua direção. Te beijei. Um beijo estalado e rápido sem saber o que poderia vir logo após. Tu riu, disse que minha barba tinha te feito cócegas e passou a tua mão nela. Como eu amo teu sorriso, pensei. Ali ficamos conversando, sem se importar em apresentar os amigos e sei lá se eles até já tinham ido embora. Me contaste da cor do céu da tua cidade natal, como foi difícil crescer com pais separados, mas que aquilo fazia de ti quem tu és hoje. Rimos de histórias de porres de bebida, porres de amor. Quando nosso tempo acabou e ligaram as luzes do salão disseste: "queres dividir o táxi? moras no edifício ao lado do meu, enfim nos conhecemos pessoalmente".

13 de agosto de 2013

sobre o primeiro amor

Ele foi o primeiro amor dela que foi o primeiro amor de outra pessoa. Os universos dão um jeito que não se encaixarem quando se trata de amor. Não digo isso de uma maneira geral - mas pelo menos na minha vida. O tempo corre numa velocidade que as minhas atitudes não acompanham, meus sentimentos não acompanham. Tudo vai acontecendo da maneira que deve acontecer, já diriam os que acreditam em destino, porém será que meu coração não vai sossegar nunca de vez?

23 de dezembro de 2012

Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios

"A grande desgraça é que as lembranças não bastam para confortar os amantes. Nunca aplacam. Ao contrário: servem só para espicaçar as chagas daqueles que foram condenados à lepra do amor não correspondido."

Esse momento afastado da nossa rotina sempre nos deixa pensando nas coisas dormidas dentro das nossas cabeças. Porque mantemos esses sentimentos trancafiados até que eles resolvam se rebelar contra nós mesmas? As nossas certezas nos abandonam quando estamos mais propícias a se deixar levar pelo nosso lado sombra. 
Será de nós essa divisão do semblante entre luz e sombra? - quando na balança, antes equilibrada, pendemos para o lado que possivelmente nos traga piores consequências.


Quem me fez tão boa para o ruim?

21 de novembro de 2012

da sessão 'coisas que eu não entendo'

como pode oscilar tanto o jeito que nos sentimos perante as coisas? porque somos tão insaciáveis criaturas? eu sinto esse desconforto ao ficar sozinha e ao mesmo tempo não suporto quando tenho companhia. estou fazendo tudo conforme o livro manda, mas será que é isso que me deixa inquieta assim? essa vontade de autodestruição tão melancólica e fictícia. essa coisa de querer mostrar aos outros a infelicidade, é tão bonito assim ser triste? 

apaga a luz e fecha a porta na hora de sair, por favor?

20 de novembro de 2012

Eu quero ficar sozinha.

3 de novembro de 2012

O problema todo começa quando não nos decepcionamos mais com o que vemos na volta. A gente olha, olha, respira e pensa que não podemos fazer nada pra mudar e ponto. O pior do todo é eu fazer o mesmo...

9 de outubro de 2012

Eu gosto de tempos de chuvas - às vezes falo baixinho pras pessoas não escutarem e não me chamarem de louca. Que loucura boa, essa minha, eu penso. Dias que parecem mais silenciosos e mais calmos. Cores e temperaturas amenas. Detalhes. Gosto de olhar a chuva pela janela, de fazer corrida entre os pingos que deslizam no vidro. Parece que nesse mau tempo meu coração se identifica, e se aqueta.

5 de outubro de 2012

2:23 am

Nós somos criaturas misteriosas, não somos? Ao mesmo tempo que amamos com todo o nosso coração e alma, ainda sobra um tempo para nos incomodarmos. Gastamos nosso tempo e nossos momentos com caras feias e no fim do dia nos deparamos com uma angustia dentro do peito de quem poderia fazer mais. Não sei, não sei como dizer não para minhas caras feias e amenizar esse aperto no peito que faz algumas lágrimas decolarem. Fazemos nossos máximos e colocamos isso na nossa cabeça para que ao entardecer possamos descansar os ombros em uma cama com travesseiros macios, mas isso não é bem verdade, é? Nós podemos fazer muito mais. Mas porquê? Por que não engolir tudo isso? 

Te vejo deitado enquanto minha cabeça gira e gira, e passa por memórias nostálgicas mas que páro e penso que não trocaria nada do que tenho por outra época. Tenho sempre essa estranha mania de manter o coração desassossegado e tentar achar uma fresta que entre algum risco de luz nessas rachaduras nas paredes, mas a grande verdade é que eu gosto do escuro. Gosto do nosso toque de olhos fechados e da minha boca ao encostar na tua. 

Eu peço desculpa por ser essa inconstância toda, por não saber lidar, por ser tão indecisa. Eu tenho esse medo tão grande de passar uma vida em branco, de construir todo o meu castelo em cima de um monte de areia fofa e que o vento vai carregá-lo daqui. 

Tá vendo aquelas estrelas? São as mesmas que eu vejo. Fica aqui do meu lado, não me abandona.

28 de agosto de 2012

todos planos têm um primeiro passo


  1. Sabe, acho que preciso cuidar mais de mim. E digo isso não de uma forma egoísta, como pensar mais em mim. Mas acontece que convivo 24 horas do dia e há 20 primaveras. Cansa, às vezes. Me incomoda o fato de não poder reclamar, porque simplesmente não tenho motivos teóricos pra reclamar. Somente os que vivem dentro em mim. Por isso, voltei pra cá. E preciso voltar a fotografar e congelar momentos que fazem surgir um risinho no canto da minha boca quando as olho impressas, amo acabar com a expectativa de ir buscá-las no laboratório. De ter uma fotografia da minha mãe sentada a mesa de um café na beira da praia - é uma forma bonita de pensar nela, quando longe. Meu quarto é pequeno e repleto desses momentos. Acho que se não fosse preso ao prédio, ele sairia voando de tantos pensamentos e momentos leves que existem dentro dele, sendo carregados por essas fotografias. 

30 de julho de 2012

ninguém sabe, mas eu durmo do teu lado da cama quando não estás aqui.
Às vezes acho que a minha expectativa é alta demais. Mas daí, paro e te olho. Como meu amor é correspondido com o teu toque e o teu olhar. Me sinto calma. Bomba antes de explodir. Vivo no alto de uma montanha russa com o frio na barriga que antecede a caída principal. E ao mesmo tempo me passas segurança de um sentimento desconhecido, sem nome, mas que é bom e bonito. Acho que são assim que as coisas devem acontecer, comodidade jamais. Não é ser pessimista ou otimista - copo meio cheio ou meio vazio - é cuidar do que é seu, e cuidar bem. 

4 de junho de 2012


E quando me olhas,

me passas aquela calmaria

de maré pós chuvarada,

mar cheio,


coração.

22 de março de 2012

Sou carente desse jeito inconsequente 
Viro a esquina e nem mais o sinto
Pois sou tomada por essa coisa fervulhante
Que sobe dos pés até o coração
Chega na mente dizendo não
Hoje é fim, hoje não há
Desliga a luz
E fecha a porta
São nos meus sonhos que escolhi morar

12 de dezembro de 2011

Não sei bem o que sinto ao pensar nesse menino que me tira o sono bem quando tenho que acordar cedo. Que me dizem pra não transparecer mas eu não consigo, senão eu explodo feito balão com ar demais, só que comigo é sentimento. Sentimento esse que eu não sei explicar, que não sei nem se me faz bem ou se faz delirar. Sentimento esse que é "tipo a cor do olho dele: não é algo definido, mas é bonito. Não é isso que importa?"

8 de novembro de 2011

"Minhas Várias Faces do Amor"

vai ser o nome do meu livro

9 de outubro de 2011

Eu nunca fui pessoa do tipo que olha pra todos os lados antes de atravessar, eu que atropelo os carros. Não me venham colocar medo no campo de batalha que não vai adiantar, vou continuar sendo eu... Vou continuar de coração cheio... Me machucando... E vivendo, sem me arrepender.

8 de outubro de 2011

Eu possuo esse defeito terrível de pensar
essa vontade de saber o que vem a frente
e queimar a linha de largada.
De querer machucar 
antes de ser machucada 
de estragar tudo antes de
dar chance para tudo acontecer.
Como sempre não sei lidar. Me vendo fácil, admito. Me entrego aos olhares, analiso movimentos, cuido. Me pego adorando desconhecidos, fazendo planos. Achando coisas e não tendo certeza de nada. Me vendo fácil a convites, um filme, uma cerveja, uma mão distraída segurando a minha. Me vendo fácil a momentos como os nossos que no dia seguinte não sei se foram somente imaginários. Me vendo fácil a vontades e depois fico aqui roendo as unhas procurando no dicionário as explicações dos meus porquês.
E não é que por ti eu sinta algo que aqueça meu corpo, talvez seja exatamente o contrário - a vontade é te pegar pela mão e mostrar as cores por aí, conhecer sabores, desvendar o amor que está reservado somente para nós...
porque são nos sonhos que enxergamos as verdades. são pequenas brechas e dicas que te fazem entender e perceber o quanto a sua mente é deslocada da realidade e o quanto de anestésico vai ser preciso para engolir o cotidiano e a rotina que machucam suas facas com nossas costas.

9 de setembro de 2011

Eram pilhas de livros em cima da mesa, a maioria não lido. Filósofos, poetas e apaixonados pela literatura que escreviam e diziam e sentiam mais do que escreviam. O grande problema era colocar nas palavras o que se passava na rodaviva chamada coração. Bendito dia em que se sai do seu próprio mundinho e começa a prestar atenção nos outros. Dói. Que mania, não? Tudo dói. 

Uma vez me perguntaram se eu já tinha amado e sabe-se que não é uma resposta fácil de se dar. Blablablinhas o que é o amor afinal? Ao meu ver, é quando a pessoa vira uma parte de ti. Ai, que clichê. Não. O momento que se perde ela, não é uma perda fácil. Ela não morreu, ela está ali todos os dias, vivendo, respirando, na sua rotina que não te inclui mais. É uma perna que te tiraram e o fato de mancares te faz lembrar diariamente o que te faz falta. São os trinta segundos passados do teu máximo de não poder respirar. É o vazio, cheio de lembranças...

23 de julho de 2011

Até onde a introspecção é positiva e necessária? Me encontro imersa em um lodo que entra nos meus poros e impossibilita minha respiração. Prendo-a. Até onde? 



"Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio."

27 de junho de 2011

"Tenho pena de tudo quanto lida 
Neste mundo, de tudo quanto sente, 
Daquele a quem mentiram, de quem mente, 
Dos que andam pés descalços pela vida, 

Da rocha altiva, sobre o monte erguida, 
Olhando os céus ignotos frente a frente, 
Dos que não são iguais à outra gente, 
E dos que se ensangüentam na subida! 

Tenho pena de mim... pena de ti... 
De não beijar o riso duma estrela... 
Pena dessa má hora em que nasci... 

De não ter asas para ir ver o céu... 
De não ser Esta... a Outra... e mais Aquela... 
De ter vivido e não ter sido Eu... 
"
Eu me tinha como a pessoa mais simples do mundo. Mas assim como todos quando se olham em um espelho e enxergam uma imagem distorcida da própria - é a conclusão que eu chego: eu não me conheço. Me surpreendo a cada decisão que eu tomo, cada passo errado que dou e vivo me dizendo: chega chega chega! Não sei o que quero da vida, não sei quem quero, não sei não sei não sei. Afasto pessoas que gosto, não gosto quando pessoas se afastam e quanto a isso, mais uma vez, eu não sei o que fazer. Tenho a verdade na palma da mão e amores nas pontas dos dedos, e observo com a minha pipoca o efeito apocalíptico de que eles escorrem e se esvaem. Sei do tamanho dos meus sentimentos, sei do espinho que me machuca e igualmente não tenho certeza. Pareço criança pequena às vezes. Amo todos os meus problemas e os odeio com todo o meu âmago. Eu não sou a pessoa mais simples do mundo, eu sou humana.

25 de abril de 2011

Resolvemos colocar um ponto final na nossa história. Que apesar de curta e de poucas palavras, dizia muito. Nosso olhar era terno e nossas risadas gritavam o quanto éramos bons juntos. Apesar disso, nossa trajetória nunca envolveu somente nós, existiam também a mentira, o engano, a ingenuidade e a culpa. Nossa história acabou, mas permaneceu a essência. E o silêncio.

13 de abril de 2011

110410

simples como uma folha branca
e tão vazio quanto.

5 de abril de 2011

Caminho em direção nenhuma, em todas direções.
Caminho.
Engulo.
Engulo essa saliva seca que desce rasgando.
Rasgando o peito.
Rasgando a mente, a espinha.
Fruto da descompreensão que me agita, que me leva a destruição.
Tantos sorrisos, boca avermelhada, olhos pintados.
A dor reflete em mim, vem a doença.
Abracei o mundo e dói admitir que não tenho mais forças para carregá-lo.
Estou perdida e ninguém pode me achar.
Estou perdida de mim e ninguém pode saber.

24 de fevereiro de 2011

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Acordei e o sol estava aparecendo. As cores eram da parte fria da caixa de lápis de cor. Tons azuis e alguns pingos de chuva. Abri os olhos, te vi. Tão sereno e tão certo de si mesmo, de mim mesma, de nós que já não éramos os mesmos. E eu daquele meu jeito, um turbilhão de pensamentos e sentimentos. 
Acho que transmiti alguma energia, pois não demorou muito para tu acordares também. Abriste um sorriso como sempre e já veio se enroscando pra cima de mim. Tu querias ficar ali, mas o meu tempo de descanso já tinha acabado. Na loucura do meu carnaval não tem espaço pra cadeira de praia. 
Devia ter suspeitado algo. Quando sinto, escrevo. E faz tempo que o poço secou…

25 de outubro de 2010

Acontece, amor, é que não sei lidar com o tempo. E de você sinto todos sentimentos. Depois de tanto amor, calor, veio a seca. Seca de palavras e lágrimas. Sinto muito, mesmo. Me estragaste, mas a culpa sou eu quem carrego.
Adeus,
“toda a minha saudade e meu amor de sempre”

18 de junho de 2010

Quando chegar a minha hora não falarei da morte, muito menos das atenções que não me foram dadas. Falarei da beleza dessa vida e o quanto ela me fez feliz.

10 de maio de 2010

Se sempre tive este pé atrás foi por medo de sentir demais. E toda vez que nos machucávamos, com palavras cada vez mais fortes e dedos na cara apontando o que fez ou deixou de fazer, foi por amor - foi por não saber como lidar com o amor. E talvez se estivermos tirando este pé atrás, talvez... talvez o caminho a seguir seja mais bonito. Mais colorido com flores, mas sabemos que até as flores precisam de uma chuvarada pra seguirem fortes. Hoje me atiro de cabeça, o que há dois anos atrás não tive coragem de fazer - não me preocupo, estás ao meu lado.

13 de abril de 2010

Nos vi lado a lado, mas quando percebi estávamos na direção contrária e o sinal era vermelho.

11 de abril de 2010

Se não te procuro é porque existe um muro crescendo entre minhas mãos
Existe a falta de um chão um vão perdão perdão perdão
Se não nos falamos mais é porque sou medrosa demais preguiçosa demais culpada demais
Se não nos vemos talvez seja porque pertencemos a outros mundos fundos imundos oriundos de outras eras
Se não cruzamos nossas esferas ou não entrelaçamos nossos sentidos nem por isso não partimos parimos as mesmas quimeras
Se nossos olhos já não focam as mesmas imagens nem por isso deixamos de amar as mesmas paisagens, países, viagens
Se não te procuro é porque criei um furo que esvazia a minha vontade.
Mas de que adianta fazer alarde se é tarde é tarde é tarde.”


Paula Taitelbaum

2

“Te explica, Marina.”

Tanto falei esta frase. E mesmo assim não te compreendia. Teu olhar clássico, que nem dizia a tua vó “com nuvens nos olhos”. Tu me perguntas o que sinto e te digo que não sinto mais nada. Falas em futuro, em amor. Eu entendo confusão. Um deslize e um não. Te disse que eu sempre seria verdadeiro e enquanto estivesse longe te escreveria todos os dias e mandaria todo meu amor para ti. Aos poucos as cartas começaram a voltar e os telefones pararam de tocar. Agora temos essa greve de silêncio, de verdade. Entre frases com dedicatórias desconhecidas fica meu adeus, se vai meu coração. 

23 de novembro de 2009

Sinto-me vazia por não ter a quem amar, por não ter a quem sofrer. Sofro por antecipação, então. Mas e o amor?

25 de setembro de 2009

Ontem encontrei-me em meio de um labirinto cheio de curvas e duas portas, essas de entrada e nenhuma de saída. Já fui chamada de duas caras - admito, sou. Mas sou por querer acreditar em sentimentos grandes, em contos de fadas e happy endings. Ao mesmo tempo, tenho aquele pé no chão, a pedra que segura o balão pelo barbante. Sinto uma inconstância dentro de mim e quase sempre não me reconheço em frente ao espelho. É possível se perder da essência? Tem dias que meus pensamentos são tantos que não os termino, depois saio de casa achando que esqueci a chave do lado de dentro. E ao voltar, mesmo que com o dobro da ansiedade que me acompanha, tudo se acalma. Cheguei na minha casa com o cheiro de liberdade que tanto me conforta. Faço um bolo, coloco umas idéias, um pouco de fermento, açúcar para adoçar e uma pitadinha de sal. Afinal o doce não é tão doce sem o salgado. Só não posso esquecê-lo forno, sinto um puxãozinho no pé - é a realidade avisando que o tempo não é nosso amigo.

14 de setembro de 2009

"Estavam todos mais ou menos em paz quando o rapaz de blusa vermelha entrou agitado e disse que Urano estava entrando em Escorpião. Os outros três interromperam o que estavam fazendo e ficaram olhando para ele sem dizer nada. Talvez não tivessem entendido direito, ou não quisessem entender. Ou não estivessem dispostos a interromper a leitura, sair da janela nem parar de comer a perna de galinha para prestar atenção em qualquer outra coisa, principalmente se essa coisa fosse Urano entrando em Escorpião,Júpiter saindo de Aquário
ou a Lua fora de curso."
CFA

5 de julho de 2009

Protesto

Protesto contra as ruas irregulares e buracos em lugares indevidos que nos fazem andar olhando para o chão. Cansei, digo, optei por tropeçar mais para rir e tentar olhar nos olhos dos que passam por mim. Deixamos, todos os dias, de ver o que há por cima dos prédios, o nosso céu azul que sabemos que existe mas que nem sempre lembramos da beleza. Esquecemos das cores que ele consegue misturar, feito criança e tinta guache, que se colocadas em um quadro diriam ser "irreais". Protesto contra o frio que congela muito mais do que nossas mãos, protesto contra o preto dos casacos pesados e o cinza das armaduras que aprendemos a usar para não nos machucar. Virei a página, quero vida. Quero um liquidificador para minhas idéias e o teu ouvido para escutá-las. Uma livro em branco, uma caixinha de lembraças nova. E o único escuro que quero ter é o do debaixo do cobertor junto a ti.

5 de março de 2009

Quinta-feira

Era preciso o uso de despertador, a vontade de ver o dia se encaminhar já não era a mesma. Levantava, procurava o outro par da meia - pé esquerdo, sabe como é, pé frio. Uma ducha gelada para sentir na pele o peso da consciência. Enxugava-se reparando no que o tempo era capaz, e a falta dele também. Olheiras que a maquiagem não cobria mais. Eco do silêncio. "É preciso muita coragem para reconhecer o desespero". Vagando pelo espaço, que não mais chamava de casa, levou as mãos à cabeça. Caiu de joelhos, onde estava aquela força? Mal respirava pois possuía duas mãos segurando seu coração - apertando-o. Derramada como lágrimas ficou no chão. Respirou fundo, levantou. Pegou sua bolsa, saiu e fechou a porta. Hora de trabalhar, é dia de espetáculo no circo, pessoas dependem do meu sorriso hoje.

10 de dezembro de 2008

tempo...

´neurônios fora da área de cobertura ou desligados..´

17 de novembro de 2008

A lua anda pela metade, meio cheia, meio vazia, anda até nova, meio desaparecida, pouco brilho. Por que só por um breve momento ela é cheia? Sorte do sol que tá sempre ligado na tomada, sempre iluminando por aí, não dando nem bola que quando ele faz o espetáculo dele, a platéia toda está sempre dormindo.

14 de novembro de 2008

Hoje eu quis brincar de ter ciumes de você...
e continuo.

26 de outubro de 2008

Deixo-te sonhando em meio sublime desejos venenosos de minhas vontades. Em meu sabor vive as lembranças perdidas e os pensamentos que nunca se perdem. Compartilho contigo parte das dores encontradas no meu ser. Lê-se: salve-me. Todo dia sou mordida por mim mesma, me deliciando na agonia constante.


*achados e perdidos
talvez se nós tivéssemos conversado mais, ou eu ter falado menos... queria ter gritado mais, isso sim, mas tu continuarias a me escutar menos, tua dor era demais e a minha: calada.
talvez se eu tivesse pensado mais, mas minha insegurança era de menos e de ti só pensava amor. se eu tivesse corrido ao teu alcance e não à minha solidão, talvez estivéssemos juntos agora e eu não estaria escrevendo para mim, relembrando sempre nossos momentos.
talvez se tivéssemos vivido mais e chorado menos, eu não diria ao meu novo homem para trocar de assunto quando me diz: "não te largarei jamais" - um dia eu vou embora, todos sabem, e meu beijo de despedida deveria ser em ti.
chega um momento que me faltam as palavras, não sei se escrevo aqui ou se falo para ti.
talvez se eu tivesse dito mais e não ter largado da tua mão, eu não continuaria com essa sensação: inacabada.
hoje eu caminho olhando para o chão e o que me rodeia... não são mais as mesmas coisas, muito menos novas, talvez... simplesmente, não existam.

15 de outubro de 2008

Quando somos jovens, a nossa única certeza é de que quando acabarem as férias, nosso ano letivo na escola começará - e como é um pesar pensar nisso. Bom, encontro-me no meu último ano e sei que depois de festejar muito na minha formatura, terei minha última responsabilidade para iniciar todas as outras. Vejo que esse tempo que passa tão rápido para acabar e o que demora a começar, é o mesmo, no entanto muito diferentes. Em meio de tantas coisas na cabeça, continuo a trancar no que mais me corrói, aquele que eu digo "quem?", mas que a imagem não precisa legenda. Somos nós, ali, sorrindo. Já diria Martha Medeiros que o ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal a cor do amor, pois não há sentimentos tão próximos como esses, os que eu sinto por esta saudade que de tão salgada, suga todo meu líquido deixando-me com aspecto de seca ao olhar-me no espelho. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada. Nada - no que estás pensando? - nada. Nada? Não paro nunca de pensar. Porém, se eu contar até meus pensamentos, por mais terroristas que eles sejam, o que sobra para mim de mim?

22 de setembro de 2008

Era uma vez...

Fico quieta, escuto e decifro-me. Penso, aonde piso? Tropeço nesse fio de nylon que me rodeia e acabo me enrolando feito gato com novelo de lã. Aqueles pequenos nózinhos que deixamos para trás - ninguém os verá. Porém, esquecemos que os sentimos. Nesta vida que anda por um triz me questiono, criança, para onde irão as coisas que vão embora? Sou flor ressecada, palavras no papel, teu pensamento? Tenho palavras guardadas, duras, ardidas. Ecoam e vazam pelos meus olhos gritando e suplicando. Mas dizem que devemos ser como folhas em branco esperando as pinceladas, assim retoco a tintura do meu rosto. Caminho na rua, o sol na cara me lembra que ainda há vida, há cores. Aquelas mesmas cores do teu tempo, amor. Tu que não sai dos meus textos, que toma tantas formas durante o dia - flores, músicas, poesias. Lembro da noite que nadei em teus olhos e tudo que queria era me afogar para ali permanecer. Há erros em tornar tudo um livro de romance? Não me importo, estou gostando...
O desfecho? E assim viveram felizes para sempre...

31 de agosto de 2008

11 de agosto de 2008

Vira e mexe
arranjo novas dores
piercings, tatuagens...
para esquecer velhos amores.
Sento no meu jardim
acendo um cigarro
esqueço tudo em mim.
Só não esqueço de ti
minha melhor parte
que parece pau de enchente
qualquer obstáculo já prende.
Te deixei escoar
por dentre meus dedos
cansados de esperar
esse tempo que mede valores
do meu amor e do meu sonhar.
Sabe, ursinho, tu mesmo disseste
“ninguém sabe do futuro”
pois bem,
te digo que nem tu soubeste
esperar por esta velha encrenca
notar teu valor.
Sei que três é sempre demais
contigo era demais amor
demais paixão.
Ensinaste-me a não ter vergonha de ser
e contigo aprendi a crescer.
Hoje a lua me ilumina
e tudo que eu queria
era te ter na minha.
Com essa minha dureza
acabei somente com a magreza
do sono, da fome, da atenção.
Só sigo teus passos
e me digo “não”
“não pensa, não liga, não queira”
não esqueça,
não esqueço.
Pra mim não teve fim
peraí, não era pra ser assim?
Já é outro cigarro que se vai
e tu, das minhas linhas, não sai.
A distância é pouca
tua da minha boca.
Amor não tem tempo...
Não se mede por fita métrica.
Esse vento congela minhas mãos
mas não mais meu coração
que espera o teu para bater
e parou
desde o último entardecer.

4 de agosto de 2008

Vasculho coisas antigas, procurando não sei o quê... Sei que acho coisas que nem sabia que havia as escrito. Não sei se me decepciono ou tento lembrar porquê de tê-las escrito.


*
Transformo-me em um caderno de prosa e poesia e desafio alguém a ler. Desafio ou peço? Quem se canditaria - nem eu sei mais. Minha mão está suja de maquiagem borrada, negra, profundo desfarce. Batom vermelho, boca de sangue. Mordo os lábios, passará a dor?

1 de julho de 2008

“ Os opostos se distraem e os dispostos se atraem.”

Foi exatamente assim, eu estava parado no ponto de ônibus esperando, esperando – o que sempre fiz na vida – esperando. O vento era forte e a claridade ia e vinha apesar de quente e úmido. Observava os pés das pessoas enquanto sentado permanecia no banco com propaganda de pasta dental. Foi então que ela passou, seu perfume era de lírios, sua pele clara como porcelana e boca rosada como boneca. Cabelos morenos do mesmo tom de verde dos olhos – contraste perfeito. All Star nos pés e postura de moleca esperando (também) amadurecer e florescer. Tão mulher para jeito tão menina. Estilo de quem nasceu em silêncio, sem chorar, abriu os olhos e perguntou-se: “que mundo é esse?”. E assim foi passando e eu observando. Os cabelos se movimentando, seu cheiro desaparecendo e eu esperando o quê? Que ela me notasse? Cara pacato da cidade, do mundo, mais um. Por mais que agora ainda fosse apenas mais um, ali tinha visto algo, alguém que fizera meu coração seguir o ritmo dos seus passos e pararia ao não ouví-los mais. Não corri atrás dela para me apresentar. O que iria dizer? O que iria pensar de mim? Que não pensasse nada. Permaneci esperando. Esperando o ônibus, o sol voltar e ela se afastar para eu poder voltar a respirar. Os dias passaram e sempre a mesma coisa. Aquele cheiro não saía da minha da minha mente. Me enlouquecia. Tanto quanto o jeito irreverente que caminhava. Não me segurei, “oi” eu disse. Me olhou com olhos arregalados como eu nunca tinha imaginado, ou sonhado. “Oi” respondeu. Engraçado a rapidez de como aquelas bochechas ficaram rosadas de vergonha, um pouco mais que sua boca que ela umidecia com a língua. “Te vejo às vezes aqui, passando, queria saber se gostarias de tomar um café um dia desses...” Ai, uma onda de calor tomou meu corpo, seria vergonha? Ou finalmente uma sensação de coragem? “Achei que nunca ias me convidar”. A forma que sorriu iluminou o seu rosto. E me ensinou a nunca mais fazer o destino esperar.

16 de junho de 2008

Bilhetinho "resposta"

Amo cada palavra e cada suspiro
Quando me tocas, eu me reviro
Escreveste, pra mim, uma carta
Que de tantas palavras lindas
Parece meio ingrata
Não reclamo, não, meu amor
Vejo e entendo a tua dor
Mas não faça do nosso presente, passado
E do nosso futuro, acabado
De minutos em minutos fazemos o nosso dia
O planeta dá uma volta e é mais um que radia
Sinto na pele o vento gelado
E já esqueço com teu beijo roubado
Vem comigo, pro meu Mundo
Meu ursinho, mergulha mais fundo
Se precisares de ar, segura minha mão
E na outra te entrego meu coração.

11 de junho de 2008

00:42

Resolvi um dia perguntar à Lua se o mundo realmente tem algo a mais. Disse ela - após minutos de pensamentos - que tudo depende do modo, lado e sentimento que olhamos. Perguntei-a como não se sentia sozinha no topo do mundo, na escuridão... Disse-me ela: "Ó minha amiga, te sentirias só sendo iluminada pelo teu amor?"

9 de junho de 2008

De volta a 2ª série

Hoje decidi falar um pouco mais de mim, mas não pense que é tão fácil assim. Tudo em mim tem um pouco de ti só não quero entrar em limites pra não ter que discutir. Não gosto muito de estudar, mas se for por ti posso até tentar, querendo sempre saber mais pra te impressionar, para ver teus olhinhos brilhando com as bobagens que sei contar. Sou de esquerda, só não te esquenta, porque política não é meu forte, serve só de suporte. Minha força vem da noite e a tua vem de onde? To me esforçando à beça, não te apressa. Calma aí, senta aqui. Sobre comidas não gosto muito de queijo, prefiro teu beijo - gostinho de mel. Já te falei que gosto de ler? Poesias, poemas e teus olhos. Só não te acha, senão tu me racha. Acho que fico por aqui, mais informações vem comigo pro meu abrigo. Não é querer me gabar, mas agora sei até rimar.

17 de maio de 2008

A beleza está
nos olhos de quem a vê
e eu
não me canso
nunca
de te olhar.

23 de abril de 2008

M

Já diria a propaganda: "era uma vez uma boca que se apaixonou por uma orelha...". Mas desta vez foi diferente, não foi escutando nada, nem por comunicação vocálica. Foi um par de olhos que procurando não achar, acabou achando outros - transbordando alegria. Uma alegria vivaz de criança arteira. Aqueles olhos sempre tão curiosos continuaram procurando novas coisas a conhecer - acharam a boca. Sorriso contagiante, seguida de um risinho envergonhado e então lábios sérios. Seu rosto exalava histórias, segredos. Mas seus sentimentos, não! Estes ficavam escondidos. Por baixo daquele menino existia tanta vergonha disfarçada em risadas. A dona dos olhos que não fica muito pra trás em termos de curiosidade...
Ah! Eu fui descobrir...

5 de abril de 2008

revendo assim rapidamente
nossa história inacabada
fica um mal-estar
uma coisa meio deprimente
parece que nada aconteceu
de importante
e no entanto foi bom pra nós dois
e antes do depois teve muito durante


MEDEIROS; Martha

27 de março de 2008

Quem paga mais?

Julgo o mundo e não tenho medições para palavras. Vocabulário não é meu forte, deixo no pouco que sei a in-tensão das idéias, votando para uma sociedade que não tem medo de ir atrás da sua liberdade com pedras nas mãos - anos 80 e Strawberry Fields Forever. De onde eu observo tudo, cada coisa tem seu ritmo - o caminhar, a risada. Nasci em um corpo rodeado por avanços tecnológicos e retrocessão mental - boca calada ganha dinheiro, numa sociedade que visa o medo e cada vez mais o distanciamente do próximo. Carrego palavras escritas em minha pele, música na cabeça, poesia no pensar. Não tenho vergonha de ser curiosa, quem disse primeiro que era defeito? Tirem-me tudo, mas não me tirem o orgulho.
Quem compraria? Será que um brechó?

15 de março de 2008

Descia a rua como sempre fazia, rua de areia - barulhenta. Descia a rua, como sempre fazia olhando pros pés - desviando buracos. Descia, a rua como sempre fazia sozinha - com a música. O que fez eu desviar o olhar, não lembro. Vi teu nome escrito na parede em vermelho e o meu ao lado, invisível. Tropecei numa pedra.
E ri da vida.

10 de janeiro de 2008

Carta a um estranho

Olá Pequeno Príncipe, quanto tempo que não nos falamos, não é? Escrevo-te de nariz empinado e cabeça erguida para esclarecermos fatos. Tu e esta tua coroa de sucata que carregas na cabeça, muito orgulhoso vivendo em meio de tanta mediocridade. Carrega este cetro que decide situações inúteis e ordena corações. Teu caminho ao poder foi suado, nadando rios de críticas e noites cheias de verdade, dói não? E mesmo taxado de “merdinha” em frente ao espelho continuaste cumprindo suas meias promessas e enfeitiçando a mente de teus ouvintes. Mas, meu querido, de que adianta esquecer da maneira que conseguiste chegar ao trono? Cada degrau que, literalmente, te colocou pra cima e o jeito que o fez... Esclareço-te, como sempre, que a Rainha de Copas te tem em seu coração até ser posta para fazer par com o Rei de Espadas – ele a protege muito mais. E aí, meu pequeno, desabas do sétimo andar – de novo? Não utilizastes olhos de sapos, língua de boi ou pó mágico para fazer tuas poções e (me) encantar. Utilizaste do mau pior de uma mulher – o Romantismo. E disto, amorzinho, eu sinto falta. De como fazias meu mundo virar de cabeça pra baixo em um olhar – ás vezes nem necessário. Sendo romântico do jeito mais clichê e mais único existente. Fui tua, de corpo, alma e pensamento. Fui tua para receber teu toque mais suave em minha pele e foste meu para cravar minhas unhas e não te deixar partir. Deixei brincares comigo fingindo que nada acontecia – tanto pra mim quanto pra outros. Queria-te preso naquela sala, naquele sofá, durante dias, uma vida, cuidando do meu dedo machucado, tomando uma cerveja e rindo dos que àquele mundo não pertenciam. Mas te informo hoje que não existe outro mundo, caro amigo, existe somente o real e por ele já se sofreu muito para que exista outro, mesmo que diferente. Este o qual eu pertenço? É o mais perto que tenho para chegar perto de ti, poetinha, divagando pensamentos e vivendo lembranças perdidas. E ele existe somente por um dia, somente por hoje. Sustentado pela força que exerço na caneta que agora se transforma em palavras numa carta que nunca vai ser lida. Por isso, vossa excelência, anote isso em vermelho, não importa o quão feliz estás assumindo o trono do coração dela, eu te escutei quando eras um simples vendedor de peixe trocando comida por atenção. Não se sobrevive de amor e tenho que me encaminhar para a escola. Sou grata por teres me ensinado a amar desta maneira – colorida. Mas odeio-te cada dia que passa por não encontrar figurinha se quer parecida contigo no jogo de colação no meu álbum. Destino desta carta: a direção do vento que cantarolando músicas de amor a trará de volta para mim pensando no bem de todos...

Até mais,

Atenciosamente,

Sinceridade

7 de janeiro de 2008

Meu celular tinha estragado e por boa parte do tempo fiquei com outro totalmente diferente. Quando o meu original voltou do conserto comecei a mexer em configurações. Naturalmente mensagens antigas, músicas e fotos haviam sido apagadas. Fui colocando o toque de novo, o despertador - que eu sou traumatizada com o barulho original, ter que acordar cedo, sabe? - o barulho da mensagem... Um único conjuto de bip's que me fazem lembrar tanta coisa do passado. Como um cheiro, um barulho, uma música trazem tantas lembranças? O humano tem a sorte da memória, mas seria mesmo uma sorte? Pré-destinado a lembrar 'eternamente' de acontecimentos felizes - ou não. A música da propaganda do Mercado Livre - que simples, que complicado. "Luana, o que fizeram contigo?" Não sei, não sei. Mas tive vontade de colocar aquele barulho da mensagem de novo, coloquei. Mas não adiantava mais, o conteúdo das mensagens havia mudado. Por que eu me apego tanto as coisas? Ainda tenho papéis de Sonho de Valsa guardados, junto com tampinas de Cocas, pulseiras, cartas e maços de cigarro. O engraçado é que estão todos juntos, no fundo da gaveta e eu não tenho coragem nem de mexer. Nem o poder de fazer parar o tempo e não permitir que o mofo desse clima úmido destrua as memórias de uma história escrita no Passado Quase que Perfeito destinando um Futuro do Pretérito.

14 de dezembro de 2007

Com licença, posso usar tuas palavras?



" ...estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não saber como viver, vivi outra? A isso queria chamar desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para a organização interior. A isso prefiro chamar desorganização pois não quero me confirmar no que vivi - na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro. "



LISPECTOR; Clarice

Introspecção

O que mata uma pessoa?

7 de dezembro de 2007

Roubo Consciente

Distraída em frente ao computador, a menina digitava entretida com novidades, fofocas, risadas momentâneas. Tirou o fone do ouvido – que a separava do resto do mundo – por ter tido a impressão de escutar algo. Lembrou ter deixado a porta que ligava sua cozinha aos fundos de sua casa aberta. Pensou ainda que podia ser nada, mas como sua mãe já havia advertido resolveu ir trancá-la. Olhou para os dois lados do pátio pra ver se não achava algum movimento estranho, mas nada. Trancou a porta e saiu pensando e rindo. “Imagina se ele já tivesse entrado aqui, e eu o tranquei do lado de dentro”. Mal sabia a menina que seu maior inimigo já estava ali dentro desde o princípio – ela mesma.

6 de dezembro de 2007

Já levanta com o rosto de cansaço, usado pelo tempo, herói da minha vida. Mãos gastas pelo trabalho, pele de pergaminho contando histórias inesquecíveis presas no passado - ou passados, secretos. Depois de horas sobre a cama, sem descansar um olho, quanto mais dois, decide levantar e ir aprontando o caminho para os outros pisarem. Café preto feito tinta.
- Como consegues, pai?
- Costume, costume. Tu começas a gostar do amargo.

29 de novembro de 2007

Vem pra essa Avenida

O que se fazer quando se quer algo que não pode se ter? Eu sei, eu sei, é muito normal de se falar isso. Mas eu digo querer algo que não é comum, não é palpável, muito menos está a venda no mercadinho da esquina. Atenção. Ensina-se em escolas que a soma dos catetos ao quadrado é igual a hipotenusa ao quadrado, que Napoleão era considerado louco por sua vontade de conquista e que transitividade não pode ser direta e indireta ao mesmo tempo. Falta vocabulário para ensinar que não deve-se se jogar em um rio antes de saber sua profundidade. Nem que se tu te mexeres muito rápido poderás ficar tonto. Mudem essa postura de inibir a mente de uma criança. Quem definiu que verde não combina com roxo, amarelo e marrom? Deixa ser, como será. Aquela cabeça virar carnaval, afinal ela deverá passar o resto da vida presa àquele corpo que não voa no ritmo dela. Deixa o confete misturar com a comida para tudo virar festa ao entrar naquele corpo. Põe em exposição pensamentos e sonhos sem cobrar nada em troca - e no final, acaba-se tendo o que não se queria, de uma maneira totalmente diferente.

25 de novembro de 2007

Dias Comuns... II

- Nós nos divertimos, não é?
Em um ambiente de luz plena, confortante como casa - por mais que não me pertencesse - e a música da rainha quebrando o silêncio do lugar, Cássia Eller e sua Luz dos Olhos.
- Muito.
- Lembra como nós íamos para o parque e achávamos potinhos para brincar fazendo bolos de areia? Será que eles ainda estão lá? No meio dos arbustos...
- Claro que não, né?! - somente as lembranças.
- Tu andavas naquele brinquedo que girava, girava, girava e eu não acompanhava, pois só de olhar ficava tonta. Bleh!
Sorria, o que mais faria? Lembranças vivas, fotos com movimentos, cores e sóis.
- Eu descia as escadas do colégio e olhava no horizonte e sempre lá estávas, sentadinha, me esperando.
- E tu querias tua mãe...
- Eu sei.
- Chorava, mas o que eu podia fazer? Só ficar do teu lado.
Com os olhos cheios de lágrimas, me resumi ao silêncio de minha boca e a multidão desgovernada dos meus pensamentos.
- Nós nos divertimos, não é?
Ambas em pé, o som era outro, o clima também. Abraçadas, rítmo a rítmo, coração com coração, queixos nos ombros, encaixe perfeito.
- Muito.
Ela me ensinou a coragem. Como subir no brinquedo mais alto e não sentir medo, só sensação de poder. Degrau por degrau, madeira, barras de ferro, "isso é proibido" disse a mãe da outra menina. Dito e feito. Criança chorando. Mas ela, ah ela, "sobe lá de novo, dessa vez tu consegues". Ela compartilhou comigo conhecimentos. O dom de observar, uma pincelada, um olhar, um sorriso e claro, como esquecer da casinha do João-de-barro? No alto dos postes de luz, entrada, sala, quarto e cozinha. Sim, ela me ensinou a imaginar.
- Nós nos divertimos, não é?
Insisti em dizer que a amava. Em um momento de fraqueza "eu também te amo, nunca precisei dizê-lo a ti". Eu sei. Tudo que acontece somos nós e nossos pensamentos que proporcionamos. "Tá tudo aqui ó... O resto é balançar os ombros que desce".
Pra que falar em fim? "Não fique triste quando eu não estiver mais aqui". Com olhos nublados e garganda engasgada com palavras, a única coisa que saiu: "Que seja eterno enquanto dure", "Ah, grande Vinícius". Com muito além de convivência, acredito e tenho em minhas mãos o maior tesouro do mundo: o amor de uma avó.

Conjugação Vivencial

Eu jogo
Tu ganhas
Ele canta
Nós vivemos
Vós sonhais
Eles julgam

21 de novembro de 2007

Dias comuns...

- Andei falando com teu pai, não briga com ele. Ele te quer tão bem...
- Segunda vez que falas isso, Vó. O que estás insinuando?
- Nada, ele só me disse que andas indo em lugares.
- Vó, é um bar. Não tem nada demais, tu conheces o pai, se coloca algo na cabeça, não tira nunca. Tá parecendo eu, até...
- Só promete não brigar com ele mais. É que és uma pérola, ou um brilhante... Qual vale mais? Qual preferes ser?
- Prefiro ser Luana.
- Luana, Luana, LUA. Lua crescente, minguante...?
- Cheia.
- Oh, viu, quase fizemos um poema. Olha, o carro chegou, tô atrasada pra aula de pintura. Te amo.
- Também te amo... demais.

Si tu t'appelles mélancolie

Amanheceu e aquela bola gigante já mostrava a cara com sua coroa na cabeça, ia crescendo, todo orgulhoso de sua importância. Nada fazia diferença se Fulana já estava de olhos abertos em meio preto do aconchego do quarto. Levanta como sempre. Passo a passo, arrastado, vagaroso. Toma com cuidado seu café amargo, que de tão quente queima a boca. Hora de sair de casa, enfrentar o mundo, fechar os olhos, seguir a vida. Quem a acompanhava? Fulano, Ciclano, tanto fazia. Sua beleza e apego fugiram por entre seus dedos junto com Marcelo, que de qualquer um não tinha nada.
Fulana vivia algo que não era mais seu, relembrando, revivendo, ressofrendo. A dor que sentia já era amiga de tão constante. Sabia cada fala dele, olhar e o modo que a segurava - como uma borboletinha frágil e colorida. Como o beijo lembrava bala de goma e sua infância - divertida, colorida e macia. Mas sua borboleta interior já era monocromática e o riso que saía pelos olhos, havia desaparecido.
Passou o tempo do trabalho gravando movimentos que não tinham nada a acrescentar na sua vida. Voltou à sua casa. A cama desarrumada da noite mal dormida e o cheiro de alguém ainda pairando sobre o travesseiro. Fulana só não lembrava dos nomes de que ali passaram, como também da cor de seus olhos, cabelos. Somente do gosto amargo da boca, não combinando com o da sua. Tudo era Marcelo. Tudo era sua roupa combinada, relógio no pulso, pulso que não batia mais. Possuía devaneios de se perder em que tempo estava. Passado, presente, futuro. Que futuro? Era despida de sentimento como uma cobra que troca de pele deixando a antiga para trás, dentro de uma caverna, escura, úmida e esquecida. Antes de se machucar com mais um suspiro abafado pela monotonia do dia, foi à cozinha, pegou uma faca e acabou com a história de uma fulana, escrita a lápis, com erros, riscos e amassos.

19 de novembro de 2007

Íris

Sentado nesta praia - que me parece tão familiar entre tantas maneiras - observo meus pés pairando sobre a areia branca em contraste de pureza e cansaço. Sigo a linha do horizonte e me deparo com o mar, sempre tão sozinho em meio da multidão de peixes e humanos, fazendo a ligação entre dois mundos que nunca deveriam se encontrar por motivos de belezas tão distintas. Sua solidão e suas lágrimas de diamante coincidem com meus pensamentos e minhas palavras de pseudo-escritor. Esta folha branca e repleta de esmo grita, chora por pinceladas de vida - meia vida, minha vida. Em meio ao conflito de histórias, sentimentos, desculpas que poderiam ser jogadas naquele livro sem fim, sou invadido por uma quebra de silêncio na bolha em que havia me posto mais uma vez. Olho para a direita e vejo aqueles pés retraindo-se na areia e subo mais um pouco descobrindo joelhos envergonhados escondendo-se atrás da barra do vestido azul-piscina que voava em harmonia com o vento - não mais cortante. Seu rosto? Enigmático. Mas seus olhos, ah seus olhos. Aquele par de olhos era capaz de nocautear o sol.

9 de novembro de 2007

BláBláBlá's

Me chamaram de inconveniente por não aceitar certas coisas e não ficar calada. Esqueceram a parte da inconvenicência que foi aprender a ser inconveniente. De como deve-se se acostumar a baixar a cabeça e absorver informações contrárias às tuas. Não obstante dos ensinamentos de pais, eles cobram a diferença entre seu tratamento e o de restante de uma raça - esquecendo que eles não diferenciam a ti e qualquer outro com interesses maiores. Agora, a inconveniência de ser inconveniente releva qualquer pedido diferenciado a ti (plus) a decepção de não caber no molde feito em suas cabeças ao ver seu filho nascer. É demais, não? Não conseguem conviver com tal desrespeito, sendo tão fácil desrespeitar com pequenas ações e palavras. Talvez até a menininha loira de cachos longos, sempre calada, sempre 'pode ser', que agora se tornou Alguém com personalidade - nem que seja alguma - e thanks god com opiniões formadas, seja o que sonharam. Se ela não segue o livro 'Forme um filho perfeito em três simples passos', talvez seja hora de rever seus conceitos.

6 de novembro de 2007

cada sensación se proyecta la vida

Domingo eu tive a oportunidade de vivenciar uma das coisas mais indiscritíveis até agora - pra mim. Pular de pêndulo me fez pensar em muitos detalhes. O modo de como eu me voluntariei para ser a primeira em meio a tantos homens 'formados'. Essa sede de experimentar que me leva e me perde tantas vezes, é de se estudar. Colocado o equipamento e passado para o lado 'livre' da ponte já sentia meu coração acelerar, já se passava algum tempo desde a última vez que presenciei esse nervosismo. O nervosismo de se jogar 'de cabeça' (seria assim se não tivessem me impedido) em algo. Até ali e mais um pouco era tudo que dependia de mim, faltava literalmente o passo final. O que me libertaria. Estranho foi ter que se desapegar de algo tão concreto, não tenho oportunidade de fazer isso muitas vezes - por ter várias coleções de lembranças e nenhuma coragem de mexer nelas. E ali eu estava, soltando dedinho por dedinho com anseio de abrir minhas asas e voar. Muitos pensamentos em segundos, as vozes abafando, fui. E quem disse que eu queria voltar?
Vento no rosto, raios solares penetrando nos meus olhos, a atmosfera livre ultrapassando o pano que cobria meu corpo - liberdade momentânea. Enquanto a força ainda me embalava de um lado para o outro, me virei para o horizonte e lá estava ele - o Sol. Percebi que posso ter uma brexa paralisada nos meus segundos mas sei que não posso fugir do presente. Em uma sensação de morfina fazendo efeito, fui levada de volta para civilização. Com um sorriso no rosto tirando um peso da alma.

30 de outubro de 2007

Linha da Vida

Aberto o baú de lembranças, o meu quarto foi impregnado por um cheiro de memórias. Aquele cheiro de mofo e de suspiros guardados. O ar tornou-se pesado - mas só momentaneamente. Para cada canto que olhava via um retrato, um texto, um abraço. Cada vez que respirava pensava e desejava que fosse a última vez e parar de lembrar daquele sorriso não seria o bastante. Esquecer as palavras tatuadas em meu corpo e pintadas nas paredes do meu quarto - e porque não, do meu pensamento. Ding Dong. Bate seis horas da noite. É hora de catar tudo espalhado, pouco aqui, pouco no banheiro, pouco no coração e colocar tudo de volta. A noite inicía-se de uma vez por todas, e a linha do pensamento se perde. A consciência desgastada das pauladas da vida, recosta-se em um travesseiro de espinhos. A rosa pousou por lá um tempo e acabou esquecendo sua fortaleza de cuidados para conhecer um mundo de aventuras. Ai, desventurada, volta aqui Rosa. Tira estes espinhos que me machucam, pesam na alma, doem no tato. Tanta lástima para sentir-se viva, seria necessário tanta dor em troca de um amor? Mas pra que tanta pressa? Tenho a noite pra te contar de meus feitos, ao amanhecer nos deslocamos pra outro lado, te mostro as estrelas e te explico suas origens. Entregue-se pra mim novamente, não te farei mal. Estarei em sua vida, em movimento espiral...

20 de outubro de 2007

Paredes molhadas do choro e das lágrimas pelos desaforos escutados naquela casa. Caixotes de segredos apertados, expremidos, trancafiados por motivos desconhecidos. Ama-me, desama-me. Que sentido de palavra preferes? És apaixonada pelo frio ou pelo quente? Faço-me de gato e sapato, viro bagaço pra te ver sorrir. Brilha, brilha, estrelinha que reside no céu de tua boca. Vem ser cadente no céu do meu mundo, mundo da lua... Permanece brilhante que eu te encontro na escuridão de meus dias - até os ensolarados. Sussura em meu ouvido verdades mentirosas e diga-me a cor dos teus pensamentos. Faça-me alegre por mentiras verdadeiras que durem mais de um mês. Peço-te carinho, mas com cuidado, carregava um reizinho na barriga que fugiu junto com as juras, num piscar de olhos - seu espaço ainda existe, vazio. Cai, cai amor, aqui na minha mão. Te toco e te observo como criança e novidade. Deixa-me te aprender, saber detalhes e saber olhares. Deixa o sol se pôr, a hora passar... Não viro abóbora depois da meia-noite, mas se duvidas... deixa estar. Fica mais um pouco, senta no sofá, tome um café, vamos conversar. "Tudo bem? Qual teu nome?"

MET ADE

A meio passo de seu destino quase que final visualiza ele que fez parte de metade de seu passado. Ele que dormia na outra metade da cama, que comia a metade do pão e deixava a xícara de café sempre metade vazia. Dono do meio abraço que recebia todas as manhãs, do meio beijo rápido quase saindo atrasado. Ele estava ali, no meio da rua vindo em direção a ela - que havia se acostumado a se sentir como uma metade do quebra-cabeça, sem encaixe. Aquela confusão de sentimentos, fusão de metades de pensamentos com metades de lembranças. No céu meia lua numa quase-noite que deixava a visão meio difusa, enxergando quase tudo ou quase nada. O homem que quase a enlouquecia com suas meias palavras, quase sem importância. O quase-sorriso repleto de quase-felicidades. Nada disso a importava, um meio olhar quase brilhante tornava de sua metade, uma metade completa e por si, e só...

5 de outubro de 2007

Oi? Tudo bom? Vem sempre aqui? Pois é, eu venho. Venho toda noite escrever em ti, pedaço de mim, com o intuito de prolongar meus minutos e fazer-me imortal.

3 de setembro de 2007

Muita espera pra pouca migalha

Ao procurar tua linha da vida em minha mão, perdeste em meu corpo tua razão. Prazeres vêm de atos, assim como confiança, de palavras - quebradas com estralo, quebradas com um erro, quebradas com algo (não) dito. Ao procurar tuas respostas nas minhas, perdeste o texto com as falas e esqueceste o que fazias aqui. Criança pequena sente medo do novo, mas o que é pequeno quase sempre cresce. E a mente? Ao procurar tua felicidade perdida na minha não encontrada, deixaste em mim o amor inocente. Rosa é rosa porque assim ela é chamada. Toda bossa é nova e ninguém se importa se ela é usada. Todo carnaval tem seu fim.

24 de agosto de 2007

Isoglócia

Tudo na vida tem um par, cada peça do quebra-cabeça tem um encaixe perfeito que torna a imagem – vida – completa. Vive-se à procura dessa peça, à procura daquilo que vá preencher o vazio dentro de cada um, que tenha o molde do abraço, o formato exato do beijo. Pode-se dizer que vivemos em torno disso, procurando ideais e que esse vazio, espaço, lugar, nunca é preenchido com o princípio de irmos atrás e vencer obstáculos por mudanças no cotidiano exatamente para não torná-lo o mesmo. Cair no dia-a-dia, há coisa pior? Manter uma rotina, sem risos e novidades. Clichê de se dizer que se deve sempre dar um gargalhada por dia, cadê a originalidade? O que resta é fazer isso acontecer cada um da sua maneira, com seu jeitinho, com seu suin...

15 de agosto de 2007

Restos e Sobras

Diz-se que o homem é composto de amor, seja feito ou seja fruto. Mas como de costume é analisado rapidamente, superficialmente por olhos cansados já procurando 'coisa' nova a observar. Falta tempo para seguir o sangue em tuas veias que mapeiam teu corpo. Falta tempo para acompanhar teu olhar e fazê-lo ser a razão do meu viver. Falta tempo para guiar a tua mão junto a minha e ensinar a não largá-la enquanto pulamos este buraco negro na tua vida. Buraco negro sem fim, mas até 'sem fim' possui um fim - estarei lá. Sobra tempo entre o final da minha frase e o começo da tua resposta. Sobra tempo do meu caminhar em direção a tua boca. Sobra tempo nos meus dedos que deveriam estar gravando as linhas do teu rosto. Necessito da falta do tempo para tirar a sobra do teu tempo em mim. Necessito dos milésimos dos teus segundos entre meu suspiro de amor e o teu só de oxigênio. Diz-se que o homem é composto de amor, e é.

12 de julho de 2007

veja só, meu camarada...

A doce vida. Aquele dia que o tempo se perdeu e entre a volta para a casa e o sorriso que as lembranças da tarde traziam, veio a chuva para lavar a alma que te fazer correr, finalmente encontrando em casa o conforto, o bolo e o café. O momento que descobriste ao ver o pôr do sol que o futuro que tanto temes é somente o presente daqui um tempo. Volte a duvidar das coisas, a ser curioso. A descoberta aumenta horizontes e traz surpresas inesquecíveis. Volte a se questionar “O que estou fazendo aqui realmente?”. A olhar nos olhos, deixar marcar. Rir não rindo, como a época que usava aparelho fixo. Volte aos bons tempos da inocência.

Lembras daqueles olhos ao encontro do sol? Do cheiro de cigarro mentolado daquele quarto de luz plena; Do barulho que fazia ao comer pipoca no cinema enquanto o silêncio tomava conta dos que prestavam atenção no mocinho que ia dar seu primeiro beijo na mocinha; Ficção. Lembras de ler aquele livro que tanto querias comprar, de respirar a cada vírgula me lendo um trecho que falava de amor de uma maneira irônica e depois adormecer no sofá sem ao menos se importar com o relógio? De como ele era novo e agora ele está na sua estante, remendado com todo cuidado? Lembras das luzes coloridas que piscavam no parque de diversão enquanto o algodão doce era feito? Lembras daquele dia? Ah, aquele dia. Lembras? Aquele dia que esquecerias se não foste esta linha para te lembrar. Como não lembras?

Volte a guardar coisas. Guardar sentimentos, aquilo, amores, lembranças como asas de borboletas – com todo cuidado - dentro do caderno que é marcado com um versinho escrito a caneta azul desbotada. Armazene no coração essas coisas e coisas que somente cabe ao coração armazenar. Essa marca no seu joelho que um dia já foi uma ferida, que sangrou e ardeu, mas que agora é só mais uma cicatriz em meio de tantas outras. Tantas outras que te pertencem cada uma com sua particularidade. Não as esqueça, elas fazem parte do teu passado. Volte aos bons tempos de se machucar, se arriscar, de quebrar vasos com a bola de futebol. Volte aos bons tempos, e se tiveres sorte, permaneça lá...

3 de julho de 2007

Coincidências e Confirmações

Era noite, na verdade era quase de manhã, o rei do dia - o sol - vinha iluminando as ruas úmidas do sereno, colocando cor e criando sombras. Vinha transformando o céu: antes uma imensidão negra, agora tons de laranja avermelhado, ou vermelho alaranjado - sempre gostei de "ous" e "talvezes". Estávamos no sofá sentadas conversando sobre as coisas mais banais. Eu, queimando milhões de neurônios para responder as perguntas que vinham quase de dentro do meu ouvido. Elas ecoavam, pois de alguma maneira já viviam dentro de mim. Aquele cigarro em minha mão queimava rápido, tão rápido que o tempo que gastava estando na minha boca não era suficiente para eu poder pensar numa resposta plausível. Acabava que respondia com outra pergunta. Ela, sempre tão calma, fazia parecer que cada palavra que saía de sua boca era de chumbo, de tanta certeza que havia nelas. Eu tentando me desvencilhar daquela parede em que ela havia me posto, mesmo cada vez mais gostando de estar nela - ainda que cada palavra soasse como uma facada, cada suspiro fizesse minhas pernas tremerem e cada tentativa de aproximação me custasse uma gota de suor. Estava virando parte daquele ambiente, mas já diziam antes: "Molduras bonitas não salvam quadros ruins". Aquela rachadura ao meu lado aumentava mais e mais. Ia se aprochegando para perto de mim, dividindo minha cabeça em dois hemisférios desconhecidos - estava disposta a explorá-los. Medo eu não sentia. Portanto ela também não. Sua voz, rouca, em nenhum momento se mostrou trêmula como meu coração. Coração de gelatina. Pouco importava, aquela confiança me mostrava o caminho, que não era nem pra direita nem para a esquerda. Era exatamente no meio. O nosso caminho - e somente nosso. Mostrava que não devíamos seguir as regras do jogo, se as nossas - aleatórias que só elas - eram tão mais divertidas. O tabuleiro virara, um copo de realidade tivera sido derramado e estremessera meu castelo de cartas de baralho. Burra havia sido eu que achara que não teria problema em ter o Coringa como base, ele que sempre foi tão egocêntrico. Me enganara, convencendo o Valete, o Rei e até a Rainha - minha Rainha - a irem descobrir o que havia para longe do meu reino. O castelo caiu - e caiu durante um dos milhares de seus suspiros daquele amanhecer.

28 de junho de 2007

Frustração

Ele estava falando. O telefone tocando. Promessas falsas. O cachorro latindo. Meu Deus, ele estava indo embora. O telefone tocando. Ele parou. Esperando que eu falasse algo. Não conseguia falar. Que culpa eu tinha? Seu rosto expressava algo. Eu não sabia bem o quê. O cachorro latindo. Ele ia em direção ao carro. A droga do telefone tocando. Ele fez menção de falar algo, hesitou. Eu parada. Retomou, disse que seria difícil. Promessas falsas. Ele tirou a chave do bolso. Eu parada. Cada passo se arrastava. O tictac do relógio cada vez mais alto. O telefone parou. O cachorro continuava a infernizar. Corri. Sem nem me importar se tinha pisado nas margaridas que tanto cultivei. Parei centímetros de seu rosto. Na verdade, nossos narizes quase se tocavam. Essa distância poderia ser medida por milímetros e sentida por oceânos. Me abraçou. O tictac de repente parou. Senti algo escorrendo meu pescoço - lágrima ou nervosismo? "Eu te amo". Promessas falsas. O larguei. Ele também não me prendeu. Que culpa eu tinha? Acabei me afogando naqueles oceânos. Pelo menos o cachorro não latia mais...

26 de junho de 2007

Mots...

Depois de tanto tempo sem olhar aqueles olhos – duas pupilas pretas de uma profundidade absurda – ousou mexer a boca para tentar colocar para fora aquelas palavras que já tinha decorado de tanto passarem como letreiros em sua cabeça. Não saíram, fugiram. De repente a armadura do cavaleiro feita de metal passou para um simples e fino tecido que moldava seu corpo. Os braços fortes já não tinham força para segurar a espada e se defender do que poderia vir. Acabou rendendo-se. Rendendo-se àquele sorriso inocente, onde ao mesmo tempo reside certa maldade. Já conhecia aquela boca, e como! Lembrava de ficar olhando, admirando enquanto a dona dormia. Decorando cada cantinho, o modo como se retraía em momentos de nervosismo e por conseqüência formava uma covinha no lado direito de sua face – mas só uma, o que a tornava mais única. Mas não adiantava, aqueles olhos sempre acabavam por ser a mira de seu olhar. Maldita curiosidade que não o deixava dormir por não entender o porquê de formar um franzidinho do lado deles ao sorrir. Tantas lembranças que ela aparecia, com o seu rosto estampado em cada ponto de interrogação na sua cabeça. Agora ela estava ali, na sua frente, e ele se sentindo nu devido a força de seu olhar. Ela o abraçou depois de fitá-lo por esses segundos que pareciam horas. E aquelas palavras que se sentiam na obrigação de sair, se acalmaram...

25 de junho de 2007

(revira)volta

Muito bem podia continuar ali sentada, bebendo seu café rotineiro. Mas não hoje, hoje necessitava mudar. Levantou-se num giro só, pegou seu sobretudo preto e saiu de casa, sem ao menos se importar se os fios de seu cabelo moreno e comprido estavam no lugar. Nevava lá fora, mas pouco importava, que vento gelado poderia machucar seu coração já petrificado? Ouviu a portar bater, que satisfação sentiu. Cada passo para longe era menos um peso na suas costas, na sua cabeça que parecia mais uma infinidade, que tanto espaço tinha para caber cada vez mais pensamentos? Deu o primeiro passo para dentro da estação, parou, observou. Imaginava o que cada pessoa pensava, seus deveres, o que tantos olhares vagos estavam vendo. Continuou a caminhar, sempre em direção a algo. O que, não sabia ao certo. Entrou no metrô, pela primeira vez reparou que na janela do lado do seu lugar, o lugar que sempre sentava, estava trincado. Reparou o amor entre o casal de velhinhos sentados à sua frente. Reparou que o menininho tinha uma mancha na sua mochila. Imaginava o porquê de tudo aquilo. Notou a música do momento, "Quelqu'un M'a Dit", logo ela que sempre gostou de francês, aquelas palavras retumbavam na sua cabeça "...dizem que nossas vidas não são grande coisa, que passam em um momento...". Em meio de seus pensamentos, ouviu a gravação dizendo que haviam chegado em uma das paradas, pensou em se levantar, mas hesitou. Talvez o próximo ponto poderia trazer alguma novidade, algo diferente. Virou-se para a janela e resolveu memorizar tal paisagem, tudo branco, tudo neutro. Engraçado como branco sempre havia lhe dado idéia de grandiosidade. E ficou ali, observando, visualizando casebres até eles se tornarem pontinhos minúsculos. Deparou-se com um sorriso nos lábios, enfim livre - talvez livre. O que a próxima parada traria? Que olhos ela enxergaria? Encontraria nos de alguém as respostas da perguntas ainda não formuladas? Bastava esperar, esperar ansiosamente. Esperar, mas... qual seria o momento certo para arriscar? Aquele pé atrás adora sempre aparecer nas horas mais inoportunas. Acabou que chegou na parada final, e pegou o metrô de volta. Já era noite, mas o branco das ruas iluminavam de alguma forma o caminho. Vinha olhando para o chão. Pegou sua chave no bolso e lembrou de quando havia comprado aquele chaveiro de bola oito - "era pra trazer sorte", pensou ela. Olhou em direção a porta e lá estava ele, com cara de tresnoitado, os olhos fixos na carta que tinha nas mãos. Teria esperado demais para descer?