30 de outubro de 2007

Linha da Vida

Aberto o baú de lembranças, o meu quarto foi impregnado por um cheiro de memórias. Aquele cheiro de mofo e de suspiros guardados. O ar tornou-se pesado - mas só momentaneamente. Para cada canto que olhava via um retrato, um texto, um abraço. Cada vez que respirava pensava e desejava que fosse a última vez e parar de lembrar daquele sorriso não seria o bastante. Esquecer as palavras tatuadas em meu corpo e pintadas nas paredes do meu quarto - e porque não, do meu pensamento. Ding Dong. Bate seis horas da noite. É hora de catar tudo espalhado, pouco aqui, pouco no banheiro, pouco no coração e colocar tudo de volta. A noite inicía-se de uma vez por todas, e a linha do pensamento se perde. A consciência desgastada das pauladas da vida, recosta-se em um travesseiro de espinhos. A rosa pousou por lá um tempo e acabou esquecendo sua fortaleza de cuidados para conhecer um mundo de aventuras. Ai, desventurada, volta aqui Rosa. Tira estes espinhos que me machucam, pesam na alma, doem no tato. Tanta lástima para sentir-se viva, seria necessário tanta dor em troca de um amor? Mas pra que tanta pressa? Tenho a noite pra te contar de meus feitos, ao amanhecer nos deslocamos pra outro lado, te mostro as estrelas e te explico suas origens. Entregue-se pra mim novamente, não te farei mal. Estarei em sua vida, em movimento espiral...

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