28 de junho de 2007

Frustração

Ele estava falando. O telefone tocando. Promessas falsas. O cachorro latindo. Meu Deus, ele estava indo embora. O telefone tocando. Ele parou. Esperando que eu falasse algo. Não conseguia falar. Que culpa eu tinha? Seu rosto expressava algo. Eu não sabia bem o quê. O cachorro latindo. Ele ia em direção ao carro. A droga do telefone tocando. Ele fez menção de falar algo, hesitou. Eu parada. Retomou, disse que seria difícil. Promessas falsas. Ele tirou a chave do bolso. Eu parada. Cada passo se arrastava. O tictac do relógio cada vez mais alto. O telefone parou. O cachorro continuava a infernizar. Corri. Sem nem me importar se tinha pisado nas margaridas que tanto cultivei. Parei centímetros de seu rosto. Na verdade, nossos narizes quase se tocavam. Essa distância poderia ser medida por milímetros e sentida por oceânos. Me abraçou. O tictac de repente parou. Senti algo escorrendo meu pescoço - lágrima ou nervosismo? "Eu te amo". Promessas falsas. O larguei. Ele também não me prendeu. Que culpa eu tinha? Acabei me afogando naqueles oceânos. Pelo menos o cachorro não latia mais...

3 comentários:

Lawrence disse...

wao...

muito, muito, muito bem escrito. e cachorros latindo não são tão ruins, porque o silêncio pode ser muito pior. não falo de uma morte física, mas sim de algo mais intenso. nem é intenso a palavra, seria o extremo o oposto, anyway, entendeste.

oceâno doeu, mas outras coisas doem ainda mais.

luv ya.

BLOPES, Lara disse...

o silêncio confunde ele! sahuasyhah
mataram o cachorro :/ eu li esse texto onteeeem e amei tantuuu.
e te amo taantuuu! (L)

Anônimo disse...

Perfeito seria uma distorção, mal uso da palavra! Perfeito pode até alcançar as estrelas, mas não passa delas, e por isso não serve pra adjetivar teu texto.

Aliás, as palavras não fazem nada sozinhas, é quando se juntam essa e aquela, que entendemos, não pelas palavras em si, mas pelas escolhas delas.