30 de outubro de 2007

Linha da Vida

Aberto o baú de lembranças, o meu quarto foi impregnado por um cheiro de memórias. Aquele cheiro de mofo e de suspiros guardados. O ar tornou-se pesado - mas só momentaneamente. Para cada canto que olhava via um retrato, um texto, um abraço. Cada vez que respirava pensava e desejava que fosse a última vez e parar de lembrar daquele sorriso não seria o bastante. Esquecer as palavras tatuadas em meu corpo e pintadas nas paredes do meu quarto - e porque não, do meu pensamento. Ding Dong. Bate seis horas da noite. É hora de catar tudo espalhado, pouco aqui, pouco no banheiro, pouco no coração e colocar tudo de volta. A noite inicía-se de uma vez por todas, e a linha do pensamento se perde. A consciência desgastada das pauladas da vida, recosta-se em um travesseiro de espinhos. A rosa pousou por lá um tempo e acabou esquecendo sua fortaleza de cuidados para conhecer um mundo de aventuras. Ai, desventurada, volta aqui Rosa. Tira estes espinhos que me machucam, pesam na alma, doem no tato. Tanta lástima para sentir-se viva, seria necessário tanta dor em troca de um amor? Mas pra que tanta pressa? Tenho a noite pra te contar de meus feitos, ao amanhecer nos deslocamos pra outro lado, te mostro as estrelas e te explico suas origens. Entregue-se pra mim novamente, não te farei mal. Estarei em sua vida, em movimento espiral...

20 de outubro de 2007

Paredes molhadas do choro e das lágrimas pelos desaforos escutados naquela casa. Caixotes de segredos apertados, expremidos, trancafiados por motivos desconhecidos. Ama-me, desama-me. Que sentido de palavra preferes? És apaixonada pelo frio ou pelo quente? Faço-me de gato e sapato, viro bagaço pra te ver sorrir. Brilha, brilha, estrelinha que reside no céu de tua boca. Vem ser cadente no céu do meu mundo, mundo da lua... Permanece brilhante que eu te encontro na escuridão de meus dias - até os ensolarados. Sussura em meu ouvido verdades mentirosas e diga-me a cor dos teus pensamentos. Faça-me alegre por mentiras verdadeiras que durem mais de um mês. Peço-te carinho, mas com cuidado, carregava um reizinho na barriga que fugiu junto com as juras, num piscar de olhos - seu espaço ainda existe, vazio. Cai, cai amor, aqui na minha mão. Te toco e te observo como criança e novidade. Deixa-me te aprender, saber detalhes e saber olhares. Deixa o sol se pôr, a hora passar... Não viro abóbora depois da meia-noite, mas se duvidas... deixa estar. Fica mais um pouco, senta no sofá, tome um café, vamos conversar. "Tudo bem? Qual teu nome?"

MET ADE

A meio passo de seu destino quase que final visualiza ele que fez parte de metade de seu passado. Ele que dormia na outra metade da cama, que comia a metade do pão e deixava a xícara de café sempre metade vazia. Dono do meio abraço que recebia todas as manhãs, do meio beijo rápido quase saindo atrasado. Ele estava ali, no meio da rua vindo em direção a ela - que havia se acostumado a se sentir como uma metade do quebra-cabeça, sem encaixe. Aquela confusão de sentimentos, fusão de metades de pensamentos com metades de lembranças. No céu meia lua numa quase-noite que deixava a visão meio difusa, enxergando quase tudo ou quase nada. O homem que quase a enlouquecia com suas meias palavras, quase sem importância. O quase-sorriso repleto de quase-felicidades. Nada disso a importava, um meio olhar quase brilhante tornava de sua metade, uma metade completa e por si, e só...

5 de outubro de 2007

Oi? Tudo bom? Vem sempre aqui? Pois é, eu venho. Venho toda noite escrever em ti, pedaço de mim, com o intuito de prolongar meus minutos e fazer-me imortal.