23 de novembro de 2009

Sinto-me vazia por não ter a quem amar, por não ter a quem sofrer. Sofro por antecipação, então. Mas e o amor?

25 de setembro de 2009

Ontem encontrei-me em meio de um labirinto cheio de curvas e duas portas, essas de entrada e nenhuma de saída. Já fui chamada de duas caras - admito, sou. Mas sou por querer acreditar em sentimentos grandes, em contos de fadas e happy endings. Ao mesmo tempo, tenho aquele pé no chão, a pedra que segura o balão pelo barbante. Sinto uma inconstância dentro de mim e quase sempre não me reconheço em frente ao espelho. É possível se perder da essência? Tem dias que meus pensamentos são tantos que não os termino, depois saio de casa achando que esqueci a chave do lado de dentro. E ao voltar, mesmo que com o dobro da ansiedade que me acompanha, tudo se acalma. Cheguei na minha casa com o cheiro de liberdade que tanto me conforta. Faço um bolo, coloco umas idéias, um pouco de fermento, açúcar para adoçar e uma pitadinha de sal. Afinal o doce não é tão doce sem o salgado. Só não posso esquecê-lo forno, sinto um puxãozinho no pé - é a realidade avisando que o tempo não é nosso amigo.

14 de setembro de 2009

"Estavam todos mais ou menos em paz quando o rapaz de blusa vermelha entrou agitado e disse que Urano estava entrando em Escorpião. Os outros três interromperam o que estavam fazendo e ficaram olhando para ele sem dizer nada. Talvez não tivessem entendido direito, ou não quisessem entender. Ou não estivessem dispostos a interromper a leitura, sair da janela nem parar de comer a perna de galinha para prestar atenção em qualquer outra coisa, principalmente se essa coisa fosse Urano entrando em Escorpião,Júpiter saindo de Aquário
ou a Lua fora de curso."
CFA

5 de julho de 2009

Protesto

Protesto contra as ruas irregulares e buracos em lugares indevidos que nos fazem andar olhando para o chão. Cansei, digo, optei por tropeçar mais para rir e tentar olhar nos olhos dos que passam por mim. Deixamos, todos os dias, de ver o que há por cima dos prédios, o nosso céu azul que sabemos que existe mas que nem sempre lembramos da beleza. Esquecemos das cores que ele consegue misturar, feito criança e tinta guache, que se colocadas em um quadro diriam ser "irreais". Protesto contra o frio que congela muito mais do que nossas mãos, protesto contra o preto dos casacos pesados e o cinza das armaduras que aprendemos a usar para não nos machucar. Virei a página, quero vida. Quero um liquidificador para minhas idéias e o teu ouvido para escutá-las. Uma livro em branco, uma caixinha de lembraças nova. E o único escuro que quero ter é o do debaixo do cobertor junto a ti.

5 de março de 2009

Quinta-feira

Era preciso o uso de despertador, a vontade de ver o dia se encaminhar já não era a mesma. Levantava, procurava o outro par da meia - pé esquerdo, sabe como é, pé frio. Uma ducha gelada para sentir na pele o peso da consciência. Enxugava-se reparando no que o tempo era capaz, e a falta dele também. Olheiras que a maquiagem não cobria mais. Eco do silêncio. "É preciso muita coragem para reconhecer o desespero". Vagando pelo espaço, que não mais chamava de casa, levou as mãos à cabeça. Caiu de joelhos, onde estava aquela força? Mal respirava pois possuía duas mãos segurando seu coração - apertando-o. Derramada como lágrimas ficou no chão. Respirou fundo, levantou. Pegou sua bolsa, saiu e fechou a porta. Hora de trabalhar, é dia de espetáculo no circo, pessoas dependem do meu sorriso hoje.