26 de junho de 2007

Mots...

Depois de tanto tempo sem olhar aqueles olhos – duas pupilas pretas de uma profundidade absurda – ousou mexer a boca para tentar colocar para fora aquelas palavras que já tinha decorado de tanto passarem como letreiros em sua cabeça. Não saíram, fugiram. De repente a armadura do cavaleiro feita de metal passou para um simples e fino tecido que moldava seu corpo. Os braços fortes já não tinham força para segurar a espada e se defender do que poderia vir. Acabou rendendo-se. Rendendo-se àquele sorriso inocente, onde ao mesmo tempo reside certa maldade. Já conhecia aquela boca, e como! Lembrava de ficar olhando, admirando enquanto a dona dormia. Decorando cada cantinho, o modo como se retraía em momentos de nervosismo e por conseqüência formava uma covinha no lado direito de sua face – mas só uma, o que a tornava mais única. Mas não adiantava, aqueles olhos sempre acabavam por ser a mira de seu olhar. Maldita curiosidade que não o deixava dormir por não entender o porquê de formar um franzidinho do lado deles ao sorrir. Tantas lembranças que ela aparecia, com o seu rosto estampado em cada ponto de interrogação na sua cabeça. Agora ela estava ali, na sua frente, e ele se sentindo nu devido a força de seu olhar. Ela o abraçou depois de fitá-lo por esses segundos que pareciam horas. E aquelas palavras que se sentiam na obrigação de sair, se acalmaram...

2 comentários:

BLOPES, Lara disse...

eu li um texto onde um menino se apaixonara pelos braços de uma mulher. E fiquei refletindo como a inocência quase invisível do amor é linda. E que eu não me sinto pronta pro simples como deveria...
trispontinhosquetuama.
ansuissabasi

Leon Sanguiné disse...

Achei mágico. Muito mágico! :D
Beijo. :)