10 de janeiro de 2008

Carta a um estranho

Olá Pequeno Príncipe, quanto tempo que não nos falamos, não é? Escrevo-te de nariz empinado e cabeça erguida para esclarecermos fatos. Tu e esta tua coroa de sucata que carregas na cabeça, muito orgulhoso vivendo em meio de tanta mediocridade. Carrega este cetro que decide situações inúteis e ordena corações. Teu caminho ao poder foi suado, nadando rios de críticas e noites cheias de verdade, dói não? E mesmo taxado de “merdinha” em frente ao espelho continuaste cumprindo suas meias promessas e enfeitiçando a mente de teus ouvintes. Mas, meu querido, de que adianta esquecer da maneira que conseguiste chegar ao trono? Cada degrau que, literalmente, te colocou pra cima e o jeito que o fez... Esclareço-te, como sempre, que a Rainha de Copas te tem em seu coração até ser posta para fazer par com o Rei de Espadas – ele a protege muito mais. E aí, meu pequeno, desabas do sétimo andar – de novo? Não utilizastes olhos de sapos, língua de boi ou pó mágico para fazer tuas poções e (me) encantar. Utilizaste do mau pior de uma mulher – o Romantismo. E disto, amorzinho, eu sinto falta. De como fazias meu mundo virar de cabeça pra baixo em um olhar – ás vezes nem necessário. Sendo romântico do jeito mais clichê e mais único existente. Fui tua, de corpo, alma e pensamento. Fui tua para receber teu toque mais suave em minha pele e foste meu para cravar minhas unhas e não te deixar partir. Deixei brincares comigo fingindo que nada acontecia – tanto pra mim quanto pra outros. Queria-te preso naquela sala, naquele sofá, durante dias, uma vida, cuidando do meu dedo machucado, tomando uma cerveja e rindo dos que àquele mundo não pertenciam. Mas te informo hoje que não existe outro mundo, caro amigo, existe somente o real e por ele já se sofreu muito para que exista outro, mesmo que diferente. Este o qual eu pertenço? É o mais perto que tenho para chegar perto de ti, poetinha, divagando pensamentos e vivendo lembranças perdidas. E ele existe somente por um dia, somente por hoje. Sustentado pela força que exerço na caneta que agora se transforma em palavras numa carta que nunca vai ser lida. Por isso, vossa excelência, anote isso em vermelho, não importa o quão feliz estás assumindo o trono do coração dela, eu te escutei quando eras um simples vendedor de peixe trocando comida por atenção. Não se sobrevive de amor e tenho que me encaminhar para a escola. Sou grata por teres me ensinado a amar desta maneira – colorida. Mas odeio-te cada dia que passa por não encontrar figurinha se quer parecida contigo no jogo de colação no meu álbum. Destino desta carta: a direção do vento que cantarolando músicas de amor a trará de volta para mim pensando no bem de todos...

Até mais,

Atenciosamente,

Sinceridade

Nenhum comentário: