1 de julho de 2008

“ Os opostos se distraem e os dispostos se atraem.”

Foi exatamente assim, eu estava parado no ponto de ônibus esperando, esperando – o que sempre fiz na vida – esperando. O vento era forte e a claridade ia e vinha apesar de quente e úmido. Observava os pés das pessoas enquanto sentado permanecia no banco com propaganda de pasta dental. Foi então que ela passou, seu perfume era de lírios, sua pele clara como porcelana e boca rosada como boneca. Cabelos morenos do mesmo tom de verde dos olhos – contraste perfeito. All Star nos pés e postura de moleca esperando (também) amadurecer e florescer. Tão mulher para jeito tão menina. Estilo de quem nasceu em silêncio, sem chorar, abriu os olhos e perguntou-se: “que mundo é esse?”. E assim foi passando e eu observando. Os cabelos se movimentando, seu cheiro desaparecendo e eu esperando o quê? Que ela me notasse? Cara pacato da cidade, do mundo, mais um. Por mais que agora ainda fosse apenas mais um, ali tinha visto algo, alguém que fizera meu coração seguir o ritmo dos seus passos e pararia ao não ouví-los mais. Não corri atrás dela para me apresentar. O que iria dizer? O que iria pensar de mim? Que não pensasse nada. Permaneci esperando. Esperando o ônibus, o sol voltar e ela se afastar para eu poder voltar a respirar. Os dias passaram e sempre a mesma coisa. Aquele cheiro não saía da minha da minha mente. Me enlouquecia. Tanto quanto o jeito irreverente que caminhava. Não me segurei, “oi” eu disse. Me olhou com olhos arregalados como eu nunca tinha imaginado, ou sonhado. “Oi” respondeu. Engraçado a rapidez de como aquelas bochechas ficaram rosadas de vergonha, um pouco mais que sua boca que ela umidecia com a língua. “Te vejo às vezes aqui, passando, queria saber se gostarias de tomar um café um dia desses...” Ai, uma onda de calor tomou meu corpo, seria vergonha? Ou finalmente uma sensação de coragem? “Achei que nunca ias me convidar”. A forma que sorriu iluminou o seu rosto. E me ensinou a nunca mais fazer o destino esperar.